O ciclo home office está chegando ao fim. Adapte-se ou fique desempregado!
- Salomão Eineck Júnior
- 19 de abr. de 2024
- 4 min de leitura
Várias noticias estão sendo geradas nas últimas semanas falando sobre o tema Home Office. Isso por conta da quantidade de empresas que vêm colocando fim na modalidade ou reduzindo de forma brutal.

Vamos começar do começo. O home office não é uma modalidade para todos os tipos de trabalho. E você acreditando ou não, é restrito a algumas classes muito específicas de profissionais. Isso não quer dizer que são poucas as possibilidades de trabalho remoto, mas sim, que diversos tipos de trabalho praticamente nunca serão de forma remota sem que pessoas sejam substituídas por robôs e inteligências artificiais.
O problema do home office
Para diversas empresas, os problemas atrelados ao home office estão na falta de clareza das atividades dos funcionários, na falta de relação com a cultura empresarial e na baixa conexão com colegas de trabalho que possibilita uma cocriação maior gerando mais valor.
Ok, mas esse problema é do home office ou é da falta de gestão da empresa?
Vou ficar em cima do muro e dizer que o problema está nos dois lados. Em uma participação no PrimoCast, o Alfredo Soares da G4 Educação falou que lá, não se tem a modalidade de home office, por que, na visão dele o trabalho presencial traz uma série de benefícios por conta da conexão que todos têm, gerando um processo de aprendizagem que acontece praticamente por osmose. |
Quando se fala de falta de clareza das atividades dos funcionários, não estamos falando de um problema que acontece especificamente com pessoas que trabalham de forma remota, mas sim de um problema muito maior que praticamente toda empresa tem. Ou seja, se o problema já existe na modalidade presencial, de forma online ele só será potencializado.
Mas o problema disse é só da empresa? Vou dizer que 80% é da empresa e 20% do funcionário. Ambos precisam estar em sinergia para que o trabalho funcione e seja gerado valor. A empresa tem uma maior responsabilidade no processo, pois todo o trabalho, processos e atividades geradas são de responsabilidade dela o que não tira do funcionário a responsabilidade em ser mais claro também nas suas reuniões de alinhamento, passando que não entende todo o processo.
Vamos então para a falta de relação com a cultura da empresa. Esse tema vale um artigo só pra ele.
Vamos partir do princípio que toda empresa tem uma cultura, seja ela estruturada e desenhada na parede da empresa ou se ninguém sequer ter falado dela em algum momento da vida. A cultura empresarial acontece todos os dias, todos os momentos, você sabendo ou não. A relação que a cultura empresarial tem com o formato de trabalho vem muito mais da cabeça dos donos da empresa do que dos desejos dos funcionários e por esse motivo, muitas empresas são consideradas tóxicas, pois não seguem o desejo dos funcionários.
Como sempre tive muita curiosidade em relação ao tema. Fui conversar com alguém que entende disso absurdamente mais que eu. Esse cara se chama Sandro Magaldi, que é um dos caras mais Ph0d@s do Brasil quando se fala de cultura e liderança. Na ocasião, perguntei a ele como implantar um código de cultura em uma empresa. A resposta dele foi cirúrgica: "Um código de cultura deve ser estruturado pela camada de liderança da empresa, as pessoas com mais tempo de trabalho, os donos da empresa".
Com base nessa resposta me surgiu uma nova dúvida, que foi: "Mas se a cultura já existe mesmo sem estar descrita, não existe uma possibilidade do que for definido pelos gestores ser muito diferente daquilo que já se é praticado? E isso acontecendo, como colocar todo mundo dentro dessa nova cultura?" A resposta foi certeira: "A empresa deve dobrar esforços na hora de fazer a captação de talentos, pois quem for contratado precisa estar alinhado a cultura adotada. E quanto aos funcionários que não estão dispostos a seguirem o código, esses precisam ser desligados".
Então, quando se fala de falta de alinhamento com a cultura organizacional, tenha em mente que, para empresas que têm um código de cultura muito bem definido, aquele será o norteador quanto às decisões tomadas na empresa. E aquelas empresas que nunca estruturaram esse código, o que vai prevalecer será a opinião de quem manda, ou seja, os donos da empresa.
Partindo então para o último ponto, que é a baixa cocriação com o time. Aqui entra então uma questão bem pessoal, onde o maior responsável por isso acontecer é o funcionário.
Quando você trabalha, seja presencial ou online, você tende a se desenvolver mais rápido quando interage mais com as pessoas que trabalham com você. Vou explicar melhor. Se você vai trabalhar, mas só participa de conversas que sejam especificamente atreladas ao que você faz, você fica limitado e não vai gerar mais valor. Ok, mas e se eu não tiver nada a agregar? Ótimo, quer dizer que você pode aprender e muito com as pessoas que sabem mais que você. Esse conhecimento será usado, mesmo sem perceber em algum momento.
Na modalidade presencial é mais fácil que isso aconteça, pois as vezes no horário do café você vai ouvir algo interessante que não saberia se não estivesse ali naquele momento. No home office isso dificilmente vai acontecer, principalmente por que vai exigir muito mais de você, pois não será algo que naturalmente acontecerá, como por exemplo passar no corredor e trocar uma ideia.
Mas vai ou não ter fim?
Como visto anteriormente, um dos fatores que mais afetam o trabalho remoto é cultural. Ou seja, se os donos do negócio não acreditam que home office funciona, dificilmente a empresa opte pela modalidade, talvez alguns dias na semana mas com certeza não será 100% remoto.
E no futuro, como será?
Estamos passando por uma fase onde a geração dos millennials estão assumindo cargos de liderança assim como abrindo novas empresas. Essa geração, que no caso é a minha, passou por todas as possibilidades de trabalho que vocês possam imaginar, é uma geração que tem mais afinidade com tecnologia e provavelmente é mais aberta a possibilidade de um trabalho remoto que a geração anterior.
No entanto, num futuro próximo, os novos líderes serão da geração z, então, cabe a eles definirem como será o trabalho.
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